Mariana

acha-se perdida no tempo
numa pressa fora de moda
cujo secreto atraso
é expresso fora de hora

ela mira-se tal que erra
e acerta-se uma miragem
decerto, a inimiga visionária
da sua própria guerra improvisada

supõe que é pressuposta
em visões algo promíscuas
como iscas de promessas tortas
ironizadas num paradoxo existencialista

e sabe de si tudo que não diz
muda em seu mundo invisível
absurdo pela ausência do sentido
de sentir-se só acolhida pelo exílio

(a)típica, resiste em sua teimosia
de acreditar no que não deveria
ardendo em si, queima-se
provando-se ordinária especiaria

órfã de qualquer censura
nunca soube atuar
só amar se atura
eis a cria:
altura.

poetry·01 May 2020

← Previous · Archive · Next →